Ao longo da história, vários povos relataram chuvas de meteoros
Ao longo da história, vários povos relataram chuvas de meteoros
Na semana passada, o meteoro que caiu nos Montes Urais, na Rússia, assustou muita gente. Quem é que não pensou: e se esse meteoro caísse na minha cabeça? Para ninguém perder o sono, é bom saber que, embora sejam comuns, os choques de meteoros com o planeta dificilmente causam grande estrago na Terra. Mesmo assim, deixam marcas na história da humanidade.
Desde a Antiguidade, muitos relatos de queda de meteoritos fazem parte da cultura oral de vários povos. Por exemplo, há quem acredite que a famosa pedra negra de Meca – a pedra cultuada pelos árabes antes mesmo do surgimento do islamismo – era um meteorito. O problema é que nem sempre é possível comprovar a veracidade destas histórias, mesmo quando elas têm origem em crenças religiosas.
Em outros casos, há estudos que comprovam que as populações locais assistiram a quedas de “pedras do céu”. Foi o que estudou o historiador sino-americano Homer Dubs, que detalhou os relatos do período da Dinastia Han, que compreende os anos 89 a 25 antes da nossa era. Ele encontrou vários relatos de época associados a estrondos em diferentes partes do território chinês.
Muito tempo depois, no século 18, foi a vez de as tais grandes chuvas de pedras cairem na Itália e na França. Em 1790, foram recolhidos cerca de 300 pedaços de meteorito em Barbotan, na França. O mesmo aconteceu pouco tempo depois em Siena, na Itália. Muitos desses fragmentos estão hoje no Museu Nacional de História Natural, em Paris.
Agora, o que eu acho mais interessante quando estudo sobre estes meteoros de antigamente é imaginar o que as pessoas pensavam quando viam um meteoro caindo. O que será que elas achavam que causava isso? Presentes dos deuses, como algumas sociedades africanas e grupos indígenas norte-americanos? Castigos? Mensagens? Ou associavam os meteoros a fenômenos como vulcões e relâmpagos?
A explicação científica para a origem dos meteoros só começou a ser elaborada depois da análise do material recolhido com as chuvas de meteoritos na França e na Itália. Após estudá-los, o cientista alemão Ernst Chladni (1756-1827) começou a defender a ideia de que os meteoros vinham diretamente do espaço.
Mas foi só em 1803 – quando a vila francesa de L’Aigle foi surpreendida por uma chuva de milhares de pedras – que outro cientista, Jean-Baptiste Biot (1774-1862), investigou o fenômeno e também concordou com a origem espacial dos meteoros. A partir de então, pouco a pouco, outros cientistas foram fazendo estudos e se convencendo de que era possível que chovesse pedras.
Keila Grinberg, Departamento de História, UNIRIO
Quando criança, gostava de visitar a Biblioteca Nacional, colecionar jornais antigos e ouvir histórias da época de seus avós. Não deu outra: hoje é historiadora e escreve para a coluna Máquina do tempo.
Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br
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